Caracterização do mercado de alimentos orgânicos na Grande Vitória-ES

Resumo: A agricultura orgânica é um sistema de produção baseado em um conjunto de processos resultando em um ecossistema sustentável, alimentos seguros, boa nutrição, bem-estar animal e justiça social. Dentre as contribuições do sistema orgânico para a proteção de gerações futuras, prevenção da erosão e contribuição para a qualidade da água, melhoria da saúde, aumento da renda de pequenos agricultores, apoio à agricultura familiar, entre outros. Ao mesmo tempo, esse tipo de cultivo, também contribui para a segurança alimentar na medida que disponibiliza para a população alimentos mais saudáveis. Alguns setores da sociedade demonstram dúvidas em relação à indústria, que na medida que trouxe facilidades à vida cotidiana também aumentou expressivamente o uso de produtos químicos no meio ambiente, que gera graves consequências para a saúde humana e para os ecossistemas naturais.

No Espírito Santo, o Programa Estadual de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos analisou, entre dezembro de 2014 e dezembro de 2015, em 172 amostras de alimentos os resíduos de agrotóxicos. Destas, 146 foram coletadas em supermercados e 26 foram coletadas na unidade da Ceasa-ES na Grande Vitória. Foram encontrados resíduos de agrotóxicos em 74% das amostras analisadas, sendo encontrados resíduos irregulares em 33% das amostras. A irregularidade mais comumente encontrada foi a presença de resíduo de agrotóxico não autorizado para a cultura (ANVISA, 2016).

O sistema convencional de manejo agrícola pode gerar contaminação do solo e da água, desequilíbrio ecológico, tende a alterar processos de auto-regulação de pragas e doenças, além de oferecer aos consumidores produtos com resíduos de agrotóxicos. No ano de 2011, ocorreram 5075 casos de intoxicações humanas por agrotóxico agrícola nas diferentes regiões brasileiras, sendo 53,67% (n=2724) na região Sudeste. Destes, 27,79% (n=757) ocorreram no Espírito Santo (BRASIL, 2016; BUZIN, 2016).

Em contrapartida, há uma ascensão do mercado de produtos naturais e orgânicos que segue uma tendência mundial de aumento da demanda por produtos e serviços que proporcionam saúde e bem-estar. Soma-se a esse fator a crescente desconfiança de alguns setores da sociedade em relação à indústria moderna, que trouxe uma série de facilidades à vida cotidiana, mas também aumentou significativamente a manipulação de químicos persistentes no meio ambiente, com graves consequências para a saúde humana e para os ecossistemas naturais (DIAS et al., 2015). Por isso, o conhecimento das características dos consumidores de alimentos orgânicos e a busca pela compreensão do seu comportamento são de vital importância na promoção da expansão do mercado. Tais informações ajudam na definição de estratégias comerciais, os quais poderiam, por exemplo, divulgar informações mais importantes para os potenciais consumidores, como as maneiras e os locais onde obter os produtos (TAVARES, 2018). As informações referentes ao perfil dos consumidores e ao mercado também ajudam na definição de políticas públicas governamentais, de modo a promover o desenvolvimento do setor de orgânicos (ANDRADE e BERTOLDI, 2012).

Estudos do mercado consumidor identificaram que as compras de orgânicos são geralmente atribuídas a algum tipo de valor ou motivo de compra relacionado a aspectos como, por exemplo, preocupação com o meio ambiente, questões éticas, de qualidade, de saúde e/ou também podendo ser em relação a atributos específicos como características nutricionais, sabor, frescor e preço (TAVARES, 2018). Vários estudos têm apontado o preço como uma das principais limitações para o consumo destes produtos. Pesquisa realizada na cidade de Goiânia-GO constatou que a maior parte dos consumidores julga o preço de orgânicos como caro (BUZIN, 2016). O preço elevado também foi um das principais dificuldades encontradas pelos consumidores para a compra de destes tipos de produtos em Belo Horizonte-MG (ANDRADE e BERTOLDI, 2012). Portanto, investigar a influência dos preços entre alimentos orgânicos e convencionais é de fundamental importância para a compreensão do comportamento dos consumidores deste mercado tão promissor (FERREIRA e COELHO, 2017).

Ao considerar que os agricultores são provedores de suas famílias, logo, são responsáveis pela sua subsistência e segurança alimentar e nutricional (SAN) de suas famílias e também dos beneficiários consumidores, que dependem da sua produtividade. Portanto, suas condições de saúde são extremamente importantes para a manutenção desse processo que visa à garantia do Direito à Alimentação Adequada da população citada. Assim, ações de SAN podem ser implementadas a partir da agricultura orgânica, visto que a mesma aumenta a disponibilidade de alimentos e a variabilidade de nutrientes à população, favorecendo a comercialização dos mesmos em nível regional, além de contribuir para hábitos alimentares saudáveis e, consequentemente, melhorar a qualidade da alimentação e a redução dos fatores de risco das DCNT.

Os estudos para avaliar comportamentos, práticas, atitudes e conhecimentos dos consumidores contribuem para a compreensão das relações de comportamento do mercado local e o desenvolvimento de estratégias adequadas para a promoção e comercialização de alimentos seguros e saudáveis.

Assim, é importante a caracterização do produtor rural e suas estratégias de comercialização dos alimentos orgânicos produzidos. Além disso, a avaliação das características dos consumidores desses produtos poderá contribuir para o fortalecimento da organização da produção, da distribuição e permitir a ampliação do consumo destes produtos.

Data de início: 01/08/2018
Prazo (meses): 32

Participantes:

Papelordem decrescente Nome
Aluno Mestrado JHENIFER DE SOUZA COUTO OLIVEIRA
Colaborador CAROLINA PERIM DE FARIA
Coordenador JACKLINE FREITAS BRILHANTE DE SÃO JOSÉ
Acesso à informação
Transparência Pública

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